terça-feira, agosto 23, 2005

O Cego

Vivia cego todos os dias da sua vida
Amando a realidade que não podia ver
Desejando acima de tudo existir
Numa paz utópica; seguro em seu mundo
Sentia o frio, sentia o calor
Sentia os sons, sentia o que não via
Amava a sua incapacidade
Pois sentia que via a verdade
Não com os olhos,
Mas com todos os outros sentidos
E o mundo dele não era redondo ou azul
Não era um ponto no universo
Era algo que nem eu sei dizer
Nesse seu outro mundo -
Cego desde que nasceu -
Era mais feliz do que muitos que vêem
Mas que não sentem. Mortos na sua realidade
Perdidos em suas curtas vidas visionadas.
Que contradição trago-vos, meus leitores
Quem não vê, vê. Quem vê, não vê.
Não posso fazer nada a não ser aceitar
Essa verdade incontestável.

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